O Presidente do Chega anunciou, nesta quinta-feira, 28 de novembro de 2024, que o seu grupo parlamentar irá abdicar do aumento salarial destinado aos titulares de cargos políticos. Segundo André Ventura - “Enquanto este país não tiver salários decentes, os políticos também não devem ter salários decentes”. Esta medida resulta do fim dos cortes aplicados durante o período da Troika em Portugal, representando uma decisão sem precedentes.
No entanto, o que é conhecido sobre o término dos cortes implementados durante o período da troika? Quais são os cargos que voltam a beneficiar de aumentos salariais? E qual é o impacto financeiro dessas reposições?
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Aumento de 5% para Políticos [Página Oficial do Partido CHEGA] |
1- Como e porque motivo foram implementados os cortes salariais dos políticos em Portugal?
Estas medidas adicionais revelaram-se insuficientes para conter a intensificação da crise financeira, o que levou Portugal, no ano seguinte, a recorrer a assistência financeira internacional. Entre 2011, com a chegada da Troika a Lisboa, e 2014, sob o governo de Pedro Passos Coelho, o país enfrentou um período de austeridade, resultado de decisões económicas e financeiras acumuladas ao longo de governações anteriores.
“Volvidos mais de 10 anos, todas as medidas aprovadas no âmbito da consolidação orçamental de redução de défice excessivo e de controlo do crescimento da dívida pública foram revogadas”, com exceção das que ditavam a redução em 5% do vencimento mensal ilíquido dos titulares de cargos políticos e dos gestores públicos executivos e não executivos, incluindo os pertencentes ao setor público local e regional, e dos equiparados a gestores públicos.”, lê-se na proposta de alteração do OE 2025 apresentada por PSD e CDS.
“Assim, é da maior justiça a reposição da situação remuneratória dos titulares de cargos políticos e dos gestores públicos executivos e não executivos, incluindo os pertencentes ao setor público local e regional, e dos equiparados a gestores públicos, mediante a revogação da redução em 5% do respetivo vencimento mensal ilíquido”, lê-se ainda na proposta.
2 - Qual foi o posicionamento dos partidos em relação à proposta?
Os partidos da coligação governamental apresentaram uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado, visando a reposição dos 5% nos salários dos políticos, que foi votada nesta quinta-feira. A proposta foi aprovada, com votos contra do Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e Livre. O PCP optou pela abstenção, enquanto o PSD, CDS, PS e PAN se manifestaram a favor, permitindo que a alteração seja incorporada no Orçamento do Estado para 2025.
O PS também tinha uma proposta sobre este tema, mas, como a do PSD/CDS-PP foi aprovada primeiro, a proposta socialista acabou por não ser sequer votada. A líder parlamentar do PS já havia assegurado que o partido viabilizaria a proposta do PSD, de modo a pôr fim, já em 2025, aos cortes de 5% nos salários dos titulares de cargos políticos e gestores públicos.
3 - Qual é o impacto financeiro da reposição para os cofres do Estado?
Em resposta ao deputado Bernardo Blanco da Iniciativa Liberal, o ministro das Finanças informou, durante o debate do Orçamento do Estado para 2025 na especialidade, a 15 de novembro, que a proposta do PSD de eliminar o corte de 5% nos vencimentos dos titulares de cargos políticos, gestores públicos e trabalhadores dos gabinetes acarretará um custo estimado em cerca de 20 milhões de euros.
4 - Quais cargos estão incluídos na revogação do corte nos vencimentos?
Os políticos que deixarão de estar sujeitos ao corte de 5% nos seus vencimentos, em vigor desde 2011, incluem os titulares de cargos políticos e os gestores públicos, tanto executivos como não executivos, incluindo aqueles do setor público local e regional.
Assim, estão abrangidos o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro, os deputados, os membros do Governo, os representantes da República nas regiões autónomas, os deputados nas Assembleias Legislativas das regiões autónomas, os membros dos governos regionais, o governador e vice-governador civil, assim como o presidente e os vereadores a tempo inteiro das câmaras municipais. Além dos políticos, também estão incluídos os gestores públicos, como, por exemplo, os membros dos conselhos diretivos ou de administração dos institutos públicos.