Ventura Provou do Próprio Veneno – E os Anti Ventura Riram-se no Fim

Ventura Provou do Próprio Veneno – E os Anti Ventura Riram-se no Fim

Num tempo em que os comentadores televisivos perderam a bússola e para uma boa parte da população, também a credibilidade – o Jornal de Notícias decidiu entregar ao público o papel de júri, tendo perguntado: Quem ganhou o debate entre André Ventura e António José Seguro?

Uma ideia aparentemente simples, quase democrática, mas que rapidamente se transformou num pequeno laboratório do caos político digital, principalmente na rede social X (Ex Twitter).

Logo pela manhã (9h25 do dia 18 de novembro), Ventura já celebrava. Exibia nas redes sociais uma vantagem esmagadora, quase triunfal, sobre António José Seguro. Com o seu estilo disruptivo em termos de discurso, Ventura anuncia vitória antes de ela mesmo existir, com um resultado de 83% para o André Ventura e 17% para o António José Seguro


 

Horas depois dessa publicação (não sendo possível verificar ao certo o tempo em que foi encerrada a sondagem) , o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Quando o JN encerrou a votação, o resultado era outro: 51% dos votantes consideraram que António José Seguro ganhou o debate. 


Quem ganhou? Ventura ou António José Seguro? 


Uma reviravolta suficiente para transformar o entusiasmo matinal de Ventura numa derrota irritante - e claro, para gerar suspeitas, teorias e indignações, como foi o caso da deputada Madalena Cordeiro que prontamente veio reagir a este resultado.



Internauta que comentou às 11h53m


Internauta que comentou às 12h22m


De acordo com os horários dos comentários dos internautas, verifica-se portanto que a sondagem não terminou nem uma hora depois, como referiu Madalena Cordeiro. O que nos leva à seguinte questão.

Mas afinal, como é que uma vantagem avassaladora de Ventura no início, se transforma no final, numa derrota para o mesmo?

Há 2 explicações possíveis e nenhuma delas implica manipulação.

Primeiro, é a natureza das sondagens abertas: se no momento em que Ventura consultou os resultados só tinham votado algumas centenas de pessoas, qualquer percentagem pode parecer gigante, dado que a volatilidade é gigante.

Segundo, ao publicar a sondagem em modo troféu, Ventura pode muito bem ter mobilizado, involuntariamente, o seu lado oposto. Os Anti Ventura, vendo o político a celebrar antes do tempo, foram votar em massa em António José Seguro, o que levou depois a esta discrepância de resultados entre o momento em que o Ventura partilhou os resultados e o resultado final.

É claro que há sempre quem queira levantar a bandeira da manipulação, mas realisticamente seria um absurdo o JN fazer manipulação. O que ganharia o JN com isso?

Nada, bem pelo contrário, apenas tinha a perder, seja em termos de credibilidade ou até em termos legais.

A verdadeira questão aqui é outra: se o JN quer levar este formato a sério de sondagens, então tem de o tratar com seriedade, para evitar que este tipo de situações aconteçam.

Uma sondagem deste tipo exige transparência e por isso deve ser divulgado:

  • A evolução ao longo do tempo
  • O número total de votantes
  • Existência de um método de controlo de votos repetidos (confirmação do voto via email, número de telemóvel, ou número de cartão de cidadão)
  • Duração da sondagem
Basicamente ter um processo de regras claras transparentes com o público – Sem isso, não passa de um passatempo interativo onde facilmente podem ser levantadas questões sobre a credibilidade destas sondagens.

Politicamente Incensurável

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