Contrariando o que tem sido divulgado recentemente nas redes sociais e até em matérias jornalísticas, as mulheres não perderam apenas 900 medalhas para atletas trans, mas mais de 1000 medalhas* até a data de hoje, 8 de novembro de 2024.
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Relatório da ONU revela quantas medalhas femininas foram perdidas para atletas trans |
Neste último mês, muitas matérias jornalísticas nacionais e internacionais, tem divulgado matérias onde afirmam que as mulheres nas provas femininas, já perderam mais de 900 medalhas para atletas transgêneros. No entanto esta afirmação é parcialmente verdadeira, dado que está descontextualizada no tempo.
Mulheres biológicas perdem mais de 900 medalhas para atletas Trans
A fim de entender de onde surgiu este número, é preciso contextualizar o tempo históric o a que se refere este relatório (Link do Relatório no final do Artigo). Em 27 de agosto de 2024 , foi revelado através de um relatório das Nações Unidas que atletas femininas perderam quase 900 medalhas para competidoras transgêneros em categorias esportivas femininas. Intitulado "Violência contra Mulheres e Meninas nos Esportes", o estudo aponta à época do seu lançamento , que mais de 600 atletas já tinham sido superadas por competidores nascidos homens em eventos femininos, acendendo assim, o debate sobre a equidade no esporte.
Até 30 de março de 2024, o documento registava que essas atletas femininas, em mais de 400 competições, viram-se desfavorecidas em mais de 890 medalhas distribuídas em 29 modalidades. A substituição de categorias exclusivamente femininas por categorias mistas é destacada no relatório como fator que ampliou as perdas de oportunidade para atletas do sexo feminino.
Diante do que fora enunciado, é possível agora entender a origem das 890 medalhas perdidas que tanto é citado nas matérias jornalísticas e nas redes sociais. No entanto , e lendo o relatório com atenção, é possível perceber que a relatora (Reem Alsalem) deixa aos seus leitores a referência desta sua afirmação, a referência 29.
Do que trata a referência 29?
A referência 29 menciona o seguinte: "Submissão da Women's Liberation Front, do Consórcio Internacional de Esportes Femininos e de Dianne Post em nome do Lavender Patch."
Para reforçar a credibilidade do relatório, a relatora permite que, ao clicar na referência 29, o leitor seja direcionado para a sua fonte, o website https://www.shewon.org/. Este website é dedicado a arquivar as conquistas de atletas femininas que foram substituídas por homens em eventos desportivos femininos e outros tipos de competições destinadas exclusivamente a mulheres.
Fonte: Print retirado do website https://www.shewon.org/
Medalhas perdidas por mulheres biológicas face a atletas Trans já supera as 1000
Então é possível verificar, que atualmente o valor é maior. No momento da publicação deste artigo, 717 mulheres, em 518 competições, se viram desfavorecidas em 1055 medalhas* distribuídas em 35 esportes.Embora o relatório aborde a questão das medalhas perdidas pelas mulheres para atletas transgêneros, este também aborda outros temas no que diz respeito à equidade e proteção das atletas femininas, como a persistência do sexismo, estereótipos prejudiciais e acesso desigual a recursos e instalações, destacando assim a necessidade de medidas urgentes para garantir a segurança e dignidade dessas competidoras em todos os níveis.
Conclui-se então que de março de 2024, até novembro, o website em questão, deve ter atualizado os seus dados, demonstrando assim, que as mulheres foram desfavorecidas em 1055 medalhas* para atletas transgéneros.
Link do relatório: Relatório da ONU
Medalhas* - (Medalhas, ou recordes, bolsas de estudo ou outras oportunidades)